Ficar atento às tendências de comportamento do consumidor, além de suas novas necessidades, é algo que vai diferenciar os empreendedores em 2021.
Em 2020 tivemos uma atualização acelerada do comportamento do consumidor em todos os cantos do mundo. O distanciamento social devido à pandemia do Coronavirus fez com que milhares de negócios, nos mais diferentes países, se reinventassem no digital, garantindo o faturamento para não fechar as portas e atender as necessidades dos consumidores.
A diretora geral da WGSN, Carla Buzasi, relata no estudo Consumidor do Futuro 2022, lançado no segundo semestre de 2020, que “a pandemia do coronavírus é o maior propulsor global de mudanças dos últimos tempos, resultando em novos hábitos de consumo e um novo cenário para a indústria, à medida que somos confrontados com uma realidade que exige – tanto de pessoas quanto de empresas – flexibilidade, resiliência e, acima de tudo, criatividade”.
Nos próximos parágrafos vamos entender um pouco o impacto de todas essas mudanças e como estar preparado para esse novo perfil e as tendências de comportamento do consumidor que estão surgindo.
2020 o ano que o pé pisou fundo no acelerador
As mudanças aconteceram de forma muito rápida. Aqui na KingHost, por exemplo, lembro que era metade de março quando nos orientaram, em uma segunda-feira, que a partir do dia seguinte poderíamos trabalhar remotamente por conta do avanço da pandemia do coronavírus. Em menos de 24 horas grande parte dos colaboradores organizaram computadores, materiais de escritório e, com suporte da empresa, fizemos a migração para trabalhar de casa.
Além de entender essa adaptação, também ficamos atentos às necessidades dos nossos próprios consumidores, que precisariam urgentemente trazer inovação aos seus respectivos negócios.
E as mudanças não passaram por aí, segundo dados do Portal do Empreendedor do governo federal, foram 1.15 milhões de novos empreendedores em 2020 – o maior número da história. Com a criação de tantos novos negócios, a grande maioria por necessidade e não por vocação, também surgiram novos perfis de consumidores.
Tendências do comportamento do consumidor: principais sentimentos
De acordo com o documento da WGSN, os perfis de consumidor criado em 2020 possuem quatro propulsores globais de comportamento que impactarão a mentalidade em relação ao consumo, formado por quatro principais sentimentos: medo, dessincronização social, resiliência equitativa e otimismo radical. Dentro desse contexto, será encontrado três perfis de consumidores: os estabilizadores, os comunitários e os novos otimistas.
Por que estamos falando disso aqui no blog?
Por que analisar esses novo cenário irá ajudar a entender como os líderes de empresas e organizações buscam inovar para se manter relevantes, mesmo em um momento tão incerto e instável.
Sentimento – Medo
O ano de 2020 colocou à prova um dos nossos maiores medos: a incerteza. Somos o país com maior número de pessoas que sofrem de ansiedade no mundo. Isso pode ser demonstrado também pela nossa necessidade de consumir notícias e nos mantermos informados. Segundo a Folha de SP, canais como a GloboNews, tiveram o melhor desempenho em termos de audiência da história, alguns programas alcançaram um aumento de mais de 100%.
Dentre os tópicos destacados pelo documento da WGSN, a ecoansiedade (preocupação crônica com as consequências geradas pelo aquecimento global); incerteza econômica; e o contágio emocional (efeito de dominação pelo medo) são os principais pontos de atenção para 2021/2022.
Sentimento – Dessincronização Social
Trata-se da fragmentação da sociedade como conhecemos. Não estamos aqui falando especificamente de diferenças de classes sociais, mas sim de sincronia no sentido de quando as pessoas realizam determinadas ações na mesma horas em que as outras.
Isso porque, os avanços tecnológicos que permitiram mudanças de comportamento como a normatização do trabalho remoto com horários flexíveis e o delivery de comida praticamente 24 horas por dia, também acabou criando também uma sociedade dessincronizada.
Se antes era mais frequente encontrar horários de picos em academias, momentos para assistir noticiários na televisão ou até mesmo ir ao supermercado, hoje em dia, por conta de todos os avanços mencionados, as pessoas possuem uma autonomia e liberdade muito maior para realizar essas ações que antes eram feitas em conjunto. A perda desses contatos diários vem afetando as comunidades, causando a falta de interação consistente entre as pessoas e, com isso, fragmentando a comunidade como um todo.
Sentimento – Otimismo Radical
Esse sentimento trazido pelo documento da WGSN é uma boa forma de interpretar tudo que aconteceu em 2020. Ser otimista, segundo esse sentimento, é uma opção corajosa e uma forma de rebeldia.
Por mais que quando ligamos os noticiários, vemos uma imensidão de notícias desanimadoras e que espantam nossa esperança para além do oceano, progressos estão sendo feitos. A quantidade de ações benfeitoras, empatia e amor tem crescido.
“Em tempos de crise epistêmica, precisamos focar no que é verdadeiro, no bem”, diz o documento.
Sentimento – Resiliência Equitativa
Autoconhecimento. Mais do que em qualquer outro momento da história, se conhecer e aceitar as emoções será essencial – para você e para os consumidores da sua marca. A resiliência, palavra que anda em moda há alguns anos, terá a melhor oportunidade para ser colocada em prática.
A capacidade de resistir, absorver e se adaptar às mudanças e desafios virou verdadeiramente uma prioridade emocional. Tão importante que a até mesmo a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta para sua política de 2020 o “fortalecimento da resiliência”.
É importante, no entanto, ficar atento a diferenciar resiliência por obsessão pouco saudável em perseverar, “se manter na luta”. Segundo o documento da WGSN, diversos estudos apontam que as pessoas que abraçam as emoções negativas conseguem tomar decisões melhores, têm relacionamentos mais estáveis, menor risco de doenças coronárias, vivem mais e são mais bem-sucedidas.
Tendências de comportamento do consumidor: os três perfis
A partir desses sentimentos, se construiu três perfis que podem ser considerados tendências de comportamento do consumidor futuro. Certamente você vai se encaixar em algum desses perfis, vem com a gente conferir quais são.
Consumidor Estabilizador
Vamos pegar o contexto da dessincronização, que comentei nos parágrafos anteriores, e levar para um cenário no qual o consumidor prioriza o equilíbrio em todos os âmbitos da vida como reação à falta de sincronização e à sensação constante de incerteza.
São pessoas que consomem conteúdos como audiolivros de autoajuda, perfis de coaches de vida e aprimoramento da saúde mental. São millennials (nascidos entre década de 80 e começo dos anos 2000) e da Geração X (nascidos entre 1965 e 1981), estão exaustos da insegurança cotidiana e buscam formas para manter uma vida equilibrada e com menos estresse.
Como atender esse consumidor?
Criar estratégias que tornem mais prática a rotina dessas pessoas, como conteúdo que auxiliem na produtividade de forma simples. Caso os empreendedores tenham lojas físicas, criar ambientes calmos e focar em produtos que possam aliviar o estresse e a ansiedade.
Consumidor Comunitário
Como reflexo de 2019 no qual se chegou ao ápice do “trabalhismo”, termo criado para definir que o trabalho não é apenas necessário para a economia, mas também identidade de cada indivíduo, o consumidor comunitário quer redefinir esse comportamento. Indo no caminho oposto daqueles que se vangloriam pela quantidade infinita de horas trabalhadas e poucas noites de sono bem dormidas, o comunitário quer fincar raízes em suas comunidades, mas não em suas carreiras. São compostos majoritariamente por millennials ou Geração X.
Eles valorizam os comércios locais e incentivam a compra e apoio a empreendedores dos seus respectivos bairros, entendendo a importância de suas ações e poder de compra – algo que aconteceu bastante em 2020 durante a epidemia nas redes sociais. Além disso tudo, eles também querem estabelecer limites entre a vida pessoal e profissional, para terem tempo para investirem na sua comunidade e negócios locais.
Como atender esse consumidor?
Focar em conteúdo exclusivo e segmentado para os locais onde os empreendimentos estão inseridos, seja bairro, região de uma grande cidade ou município. Oferecer produtos exclusivos, focados em sustentabilidade e multiplataforma (online e em loja física).
Consumidor Otimista
Segundo definição do estudo publicado pela WGSN, o consumidor otimista é dicotômico por natureza e formado pela geração Z (nascidos a partir do início dos anos 2000) e pelos Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1964). Apesar da diferença geracional, é um público que possui muitas coisas em comum, como a ansiedade na busca por felicidade como principal objetivo.
Em síntese, possuem uma obsessão pela juventude, criando uma necessidade para as marcas de redefinirem o conceito de idade e ampliar o diálogo para conversar com todas as faixas etárias.
Como atender esse consumidor?
Explorar produtos e serviços que dialoguem com esse estilo de vida, investindo em ações que abrace o poder coletivo, sempre focando em momentos de alegria, celebração e amor à vida. No online, as livestreams (transmissões ao vivo) se destacam pelo potencial alcance, o que estimula as vendas e visibilidade das marcas e negócios. É válido também simplificar ao máximo a experiência de compra online, seja no site ou por aplicativos e focar em entrega hiperlocalizada.
Tá, já sei das tendências de comportamento do consumidor, e agora?
A sugestão é que agora você estude como pode aplicar essas informações ao seu estilo de negócio. Entenda, primeiramente, qual o seu público e como você pode atender às necessidades deles, prevendo quais serão as tendências que eles se nortearão. Acompanhe o comportamento de consumo dos seus públicos, dessa forma, será mais prático e fácil entender por quais caminhos você deverá guiar o seu negócio.
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