Entender como escolher a melhor abordagem para construir interfaces de programação de maneira eficiente é um desafio comum em empresas de todos os portes, não à toa a dúvida entre GraphQL ou REST é muito comum, fazendo toda a diferença na hora de desenvolver soluções mais eficientes.
Em um cenário de transformação constante, as APIs são peças fundamentais na integração de sistemas, fornecendo infraestrutura de comunicação entre diferentes aplicações e serviços. Mas qual opção escolher entre GraphQL ou REST?
Cada uma tem particularidades, pontos fortes e limitações. Assim, compreender essas características e saber aplicá-las no momento certo faz toda a diferença na viabilidade de um projeto.
Continue a leitura para saber mais sobre cada tecnologia!
O que é REST?
Para começar, vamos falar sobre o que tornou o padrão REST (Representational State Transfer) tão popular no desenvolvimento de serviços web.
Criado inicialmente como um conceito acadêmico por Roy Fielding em sua tese de doutorado, em 2000, esse modelo logo se tornou padrão de mercado.
No REST, cada recurso possui um endpoint bem definido, normalmente seguindo um padrão de rota que facilita o entendimento por parte das pessoas desenvolvedoras.
Por exemplo, se você tem um serviço que gerencia produtos em um e-commerce, pode se deparar com endpoints como /products para acessar a lista de produtos e /products/{id} para realizar operações específicas em um item.
As operações, por sua vez, são normalmente baseadas nos verbos HTTP:
- GET: utilizado para ler informações;
- POST: empregado para criar novos dados;
- PUT: serve para atualizar dados existentes;
- DELETE: remove elementos do sistema.
Essa abordagem clara de rotas e verbos HTTP estabeleceu uma padronização que facilitou a adoção massiva do REST por diferentes equipes e empresas.
- Simplicidade: a forma como as rotas são definidas e a estrutura dos verbos HTTP torna o REST muito intuitivo;
- Adoção ampla: a comunidade de desenvolvedores consolidou ferramentas, documentações e padrões bem estabelecidos;
- Ciclo de vida estável: por ser amplamente conhecido, o desenvolvimento de sistemas baseados em REST tende a ter um ciclo de vida previsível.
Por outro lado, existem desvantagens que aparecem quando o projeto cresce ou quando é preciso servir dados para múltiplos dispositivos:
- Problemas de overfetching ou underfetching: em muitos casos, o cliente pode precisar apenas de parte das informações, mas acaba recebendo toda a carga de dados do endpoint. Isso pode aumentar o consumo de banda;
- Versionamento de endpoints: cada vez que se adiciona uma mudança significativa na estrutura de dados, é comum criar novas versões de rotas, gerando complexidade;
- Limitações em cenários que exigem muitas requisições: ao lidar com diferentes recursos, frequentemente o cliente precisa chamar múltiplos endpoints para montar uma única tela ou recurso final, o que pode aumentar a latência.
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O que é GraphQL?
Já o GraphQL surgiu como uma solução para resolver alguns dos problemas enfrentados pelos serviços REST.
Desenvolvido internamente pelo Facebook em 2012, foi aberto à comunidade em 2015 (https://github.com/graphql), ganhando atenção rapidamente.
Ele propõe um estilo de consulta flexível que permite ao cliente escolher exatamente quais campos deseja em cada requisição. Assim, problemas como overfetching ou underfetching de dados viram mínimos.
Enquanto no REST cada recurso tem um endpoint específico, no GraphQL normalmente existe apenas um único endpoint, que recebe consultas (queries) personalizadas.
O funcionamento em alto nível ocorre da seguinte maneira:
- O cliente faz uma requisição para o endpoint GraphQL;
- Essa requisição contém uma query que descreve, de forma declarativa, quais dados o cliente quer;
- O servidor interpreta essa query e retorna exatamente as informações solicitadas.
Dentre as vantagens que mais chamam atenção, podemos destacar:
- Redução de requisições: ao centralizar o acesso a múltiplos recursos em uma só query, é possível diminuir a quantidade de chamadas à rede;
- Flexibilidade para diferentes clientes: cada aplicativo (web, mobile, IoT, etc.) pode solicitar apenas os dados necessários, otimizando a entrega;
- Introspecção: a capacidade de o servidor expor o schema, auxiliando na documentação dinâmica e ferramentas de exploração de dados.
Mas o GraphQL não é livre de desvantagens:
- Curva de aprendizado: exige um conhecimento mais aprofundado do schema e da linguagem de consulta para implementação;
- Complexidade de cache: em alguns casos, gerenciar cache pode ser mais desafiador do que com REST, que se apoia em recursos nativos do protocolo HTTP;
- Segurança e controle de complexidade: devido à flexibilidade das queries, é preciso ter atenção para não sobrecarregar o servidor com consultas muito complexas ou maliciosas.
Quais são as principais diferenças entre GraphQL e REST?
Também é importante entender que existem diferenças entre essas soluções.
Estrutura de consulta e resposta
A principal diferença entre essas abordagens está na forma como cliente e servidor trocam dados. No REST, cada endpoint é responsável por um conjunto de informações específicas, já no GraphQL o cliente descreve, em sua requisição, exatamente o que deseja receber.
Tudo isso influencia diretamente o fluxo de desenvolvimento e as opções de consumo de recursos. Enquanto no modelo REST um aplicativo pode sofrer de overfetching por receber campos que não serão utilizados, no GraphQL é possível obter apenas os campos relevantes.
Flexibilidade no consumo de dados
Além de ter um único endpoint, a linguagem de consulta de GraphQL permite que cada cliente solicite dados de acordo com suas necessidades. Por outro lado, no REST, muitas vezes são criados endpoints adicionais para retornar dados personalizados, resultando em um número maior de rotas.
Dessa forma, quando a empresa quer criar novas aplicações e interfaces, o padrão GraphQL pode se mostrar mais flexível, enquanto o REST tende a exigir adaptações e versionamentos.
Performance e eficiência de rede
Quando vários recursos precisam ser recuperados ao mesmo tempo, o REST pode exigir múltiplas requisições, o que gera sobrecarga para o servidor e aumenta a latência para o cliente.
Já o GraphQL permite agregar dados de diferentes tipos em uma única query, economizando ciclos de rede.
Em projetos pequenos ou menos complexos, essa diferença de performance pode não ser tão significativa a ponto de justificar a adoção de uma nova tecnologia.
Segurança e complexidade na implementação
A segurança sempre deve ser prioridade. Enquanto no REST é comum gerenciar tokens e chaves de acesso em cada endpoint, no GraphQL isso também é possível, mas há uma preocupação extra com a proteção contra consultas muito complexas.
Quando usar GraphQL e quando usar REST?
Essa é a pergunta que muitos profissionais fazem quando precisam iniciar um novo projeto ou modernizar uma plataforma existente e aqui estão algumas dicas.
Tamanho e complexidade do projeto
Para sistemas pequenos com poucos endpoints, o REST pode ser mais rápido de implementar, pois possui diversas bibliotecas e padrões consolidados.
Já quando há múltiplas entidades inter-relacionadas e é preciso fornecer dados para diferentes clientes, GraphQL tende a simplificar a comunicação.
Necessidade de dados fragmentados
Em algumas aplicações mobile ou de IoT, cada byte transferido pode ser crítico. Se for preciso buscar dados de múltiplas fontes ou apenas campos específicos, GraphQL se mostra mais eficiente.
Por outro lado, se o sistema não apresenta cenários de overfetching ou underfetching, REST pode continuar sendo bastante adequado.
Equipe e conhecimento
Se a equipe domina REST e existe pouco tempo para curva de aprendizado de GraphQL, o padrão tradicional pode ser mais seguro.
Porém, se há espaço para estudos e a necessidade de implementar soluções escaláveis, GraphQL entra como forte candidato.
Imagine um e-commerce focado em poucos produtos ou categorias. A aplicação web precisa exibir uma lista de itens e detalhes do produto.
Nesse caso, ter endpoints como /products e /products/{id} pode ser o bastante para suprir as necessidades de front-end, sem demandar consultas elaboradas.
Já pensando na realidade de uma agência de marketing digital que consolida dados de redes sociais, plataformas de email e sistemas de gerenciamento de conteúdo para gerar relatórios.
Nesse cenário, cada cliente pode demandar campos distintos, e as fontes de dados são diversas. GraphQL permite unificar tudo em um único endpoint, facilitando a vida dos desenvolvedores de front-end e diminuindo o número de requisições.
Como fazer uma comparação Técnica entre as duas abordagens?
Alguns fatores que precisam ser analisados:
Facilidade de implementação e manutenção
O REST, por ser mais antigo e consolidado, conta com um ecossistema maduro de bibliotecas, frameworks e práticas bem documentadas.
Já o GraphQL, embora também possua um ecossistema em rápida expansão, ainda demanda atenção com a criação e manutenção de schemas, resolvers e configurações de segurança.
Por outro lado, no GraphQL a manutenção pode se tornar mais simples quando se trata de evoluir a interface sem quebrar a compatibilidade com clientes antigos.
Compatibilidade com microsserviços
Nos últimos anos, a adoção de microsserviços vem crescendo de forma expressiva, principalmente em organizações que desejam escalabilidade e independência de desenvolvimento.
Tanto REST quanto GraphQL podem se encaixar em arquiteturas de microsserviços, mas de maneiras diferentes:
- REST em microsserviços: cada serviço pode expor seu próprio conjunto de endpoints. Contudo, pode surgir a necessidade de um API Gateway que unifique as rotas e faça o roteamento;
- GraphQL em microsserviços: é possível criar um Gateway GraphQL que unifique a comunicação de vários serviços, permitindo que cada microsserviço se concentre em uma parte do schema.
Escalabilidade e suporte a múltiplos clientes (web, mobile, IoT)
Com o crescimento de dispositivos conectados, é comum ter a mesma base de dados sendo consumida por aplicações web, aplicativos mobile e até dispositivos IoT.
Nesse ponto, GraphQL costuma brilhar pela possibilidade de personalização das queries, evitando desperdício de dados. O REST, claro, continua funcional, mas pode exigir múltiplos endpoints para cada caso de uso específico.
Na prática, o que vai definir a escolha é o equilíbrio entre flexibilidade e simplicidade. Se o sistema precisa de muita flexibilidade para crescer, GraphQL oferece mais possibilidades. Se a simplicidade é primordial e a quantidade de dados trafegados não é um gargalo, REST continua a ser uma excelente opção.
Escolher entre GraphQL e REST não é apenas uma questão de qual tecnologia é “melhor,” mas sim de qual se ajusta ao contexto do seu projeto e às metas estratégicas da organização.
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